9 de set. de 2011

Paulo Mendes Faria - Pintor Misterioso ...

A pintura é um consentimento emocional. Tal como alguma outra arte.  Porém, como qualquer linguagem, inscreve-se num espaço aonde a palavra não chega. Esta , mãos dadas com a razão , acrescenta um olhar crítico que não dança e nem pinta, apenas parte em busca de prováveis anotações.
Razão e emoção autorizando ato criador, na tentativa de um diálogo harmonioso.
Misteriosa é a ligação entre o imaginário, a emoção e a razão que atingem no paroxismo do elemento criado, a loucura poético-pictórica. Somente a linguagem musical faz excelente parceria com as artes plásticas.
A palavra descreve ou interpreta uma obra, porém seu espaço é outro. Todo o comentário ou tentativa crítica da arte, a ela sucede; a partir dela, se origina. Pode-se dizer que toda obra e qualquer crítica, sobre, por exemplo, ser impressionista, é filha da obra pronta. O crítico jamais antecede o criador. Por vezes, no máximo, sugere algumas janelas. Ouso comentar o que vi e senti diante de um trabalho artístico, nada, além disso. O trabalho do artista Paulo Mendes Faria, para mim, soa, em primeiro lugar, como uma aventura organizada no Universo da Formas, da Cor e do Movimento. Gera um mundo lúdico, como em alguns momentos nos lembram as obras de Raul Dufy e vôos Mozartianos, se assim podemos dizer.
Técnica apurada, mundo mágico, dicção pessoal. Sua obra é sua assinatura e identidade, como presença singular no mundo das artes. Inscreve-se na Arte Contemporânea não por algum jeito novidadeiro de ser, mas por sua busca genuína da pureza e incansável pesquisa de cores e movimentos intra-subjetivos. O autor na direção de si mesmo como fonte e programa.
Brinca com uma simetria que, ao invés de cartorial e burocrática, remete-se para um novo plano de máxima liberdade. Aqui, paralelas se encontram na realização de propostas e surpreendentes construções.
Renova-se a cada instante, até mesmo na escolha de materiais significativos e algumas vezes insólitos. A borracha, por exemplo, que abre um leque de possibilidades, reinventando-se nos espaços e tempos em acordes polifórmicos. A borracha tem vida, esculpida, cortada , montada e pintada, mantendo-se viva com os ecos e lágrimas das seringueiras ... É como se caminhasse dentro de si mesma. Pode se expandir e contrair-se no milagre de cada novo olhar e na máxima concentração, em si , acaba por mostrar-se, desabrochando em flor, cidades, labirintos, Paroxismos da Cor...


                                                Herculano de Farias , escritor e  psicanalista .

VEJA O Vídeo da Exposição no Youtube :  http://www.youtube.com/watch?v=MU583CtUvac

Um comentário:

Paulo Mendes Faria disse...

ao vivo ? ... vc um dia verá ?o sentira ?